. o amor
. Cá por casa é tudo compli...
. Porque viver é mesmo assi...
. Março
. 2011
. BIRRAS... COISA MAI LINDA...
Eu adoro o Natal. Sim, eu sei que o Natal devia de ser todos os dias, que não se deve esperar por esta quadra para dar prendas, e distribuir amor e carinho, sei disso tudo e até nem preciso de estar à espera "dela" só para isso. Mas eu gosto do Natal. Gosto muito... gosto dos enfeites, gosto do frio, gosto do nevoeiro e do gelo, gosto do quentinho das casas, junto das lareiras.
Em pequena vivia a quadra com a grande expectativa das prendas. Mas agora, olhando à distância, percebo que não foram os momentos das prendas que mais me marcaram. O que eu realmente gostava era do "trabalho" envolvente. Havia um ritual, pois claro. O meu pai, caçador, saía num fim de semana, no inicio de Dezembro, para uma caçada especial. Uns bons fins de semana antes já nós, a criançada, perguntávamos constantemente "é neste? é neste?". Nós queríamos era que viesse o fim de semana em que da caçada vinham coelhos, lebres e Pinheiros!! Finalmente vinha O Fim de Semana. Os homens juntavam a tralha toda nas carrinhas, os cães nos atrelados, o farnel, e estavam quase tanto ou mais extasiados que nós. Pudera. Um fim de semana de caçada era uma coisa das boas!! As mulheres e os filhos juntavam-se para os ver preparar tudo, e para os miúdos a despedida era feita ali, porque eles partiam de madrugada. Depois era a espera. Quando começava a anoitecer no dia da chegada da caçada, corríamos alegremente pelo pátio, sempre à espera de ver chegar as luzes das carrinhas em fila, e a "fazer fumo" com a respiração para passar o tempo. Os homens chegavam e era uma mistura de cheiros que ainda consigo sentir. Para mim os cheiros são muito importantes. Cheirava à caça, aos cães, à comida nos sacos, e cheirava a pinheiro. E nós a apostar que o nosso pai é que tinha a melhor pontaria, por isso o nosso pinheiro seria de certeza o mais bonito! O cheiro do pinheiro invadia a casa e era simplesmente delicioso! Durante o fim de semana, com as mães, ou mais tarde, e já mais velhos, em grupos de amigos, tinha-se apanhado o musgo. O musgo era farto, parecia veludo apanhado em grandes postas, verde escuro, a cheirar a terra húmida. Depois, no dia seguinte, no fim da escola, chegava o grande momento: fazer o presépio. E aquilo era uma obra de arte. A minha mãe escolhia o lugar, geralmente perto de uma janela ou porta de vidro, para que da rua se vissem as luzes coloridas. Que pena estarem fora de moda as luzes azuis, vermelhas, verdes e amarelas!! A árvore era colocada num grande vaso cheio de areia, e o pinheiro ficava sempre torto. Ora se era um verdadeiro pinheiro, assim teria de ser! À volta forrava-se o chão, espalhava-se o musgo, colocavam-se as figuras nos lugares: e havia a família do menino Jesus, os pastores, as ovelhas, burros e vacas, toda uma aldeia com casas e até uma igreja e um moinho. Fazíamos os caminhos em areia, havia sempre uma tigela forrada de prata a fazer de lago, a respectiva ponte, e patos pesados de mais para ficarem a boiar na água! Os reis magos faziam uma verdadeira caminhada, e era com expectativa que os íamos aproximando do menino Jesus, pois significava que se aproximava a grande Noite. A véspera era cheia de confusão, na entrega das prendas aos familiares que não passavam a noite connosco, primos e primas, tios e tias, afilhados... em casa cheirava a fritos, a velhoses de abóbora, que eu adoro, a braseira na mesa de camilha. Havia sempre muita confusão, muitos risos, tanta alegria. Nunca aceitei muito bem o facto de a cada ano ir diminuindo o número de pessoas à mesa, a desistência de se passar o Natal todos juntos. Doeu-me a falta de importância que davam ao facto, e acho que isso me custou mais a mim que a qualquer um, não sei porquê. E lá continuei eu, sempre a tentar que a casa ficasse cheia nessa altura, com outros familiares, com amigos e afins recentes. Devo ser muito lamechas, eu sei, mas parece que me sentia mais quente assim. O que eu sempre gostei das confusões destes dias. Por isso, doeu-me fisicamente quando pela primeira vez, já com 30 anos, tive que deixar de almoçar no Dia de Natal com os meus pais, avós, tios, primos, mano e cunhada. Lá está, lamechas, picuinhas, eu sei... mas que é que querem, eu sou assim! É só uma refeição, e deixa lá, e que parvoíce... pois, mas não é. Para mim é uma coisa muito séria sim senhora... mas não me compreendem, nem tentam.
Este ano, como nos outros, senti a nostalgia dos cheiros. Não se consegue voltar ao passado e tentar revivê-lo é muito difícil. Mas deu-me vontade de fazer o presépio com o meu filho. Queria que daqui a muitos anos ele também sentisse uma saudade boa da sua infância nesta quadra. Mas depois, vi que afinal não é fácil encontrar o musgo, a árvore é de plástico, o marido achou um disparate eu ter gasto 5€ com um mini presépio, apenas com as 3 figuras principais, que eu não ia deixar o menino Jesus passar mais um ano órfão de mãe e pai e o meu filho a pensar que a vaca e a ovelha é que olhavam pela criança naquela noite!! Concluindo, não é fácil, e eu, estupidamente, desisti antes de sequer ter tentado fazer.
Convenço-me interiormente que para o ano é que é. Para o ano vou ao musgo com o pipoca, e se não o encontrar a casa há-de cheirar a terra húmida, nem que seja com a mesma, propriamente dita! Havemos de ter, nem que seja, ao menos, um pastor! E não é má ideia plantar alguns pinheiros nas traseiras. Pronto, já aqueci mais um bocadinho cá dentro, só de imaginar o bem que me vai cheirar o Natal... para o ano...
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